Sexta-Feira, 29 de Junho de 2018 @ 07:46 486e33
São Paulo - Iniciativa visa combater as notícias falsas durante o período eleitoral. Ao todo são 24 veículos envolvidos
Um grupo com 24 veículos de comunicação aderiu a uma iniciativa inédita de unir esforços para combater notícias falsas e desinformação nas eleições deste ano, as chamadas “fake news”. A partir de 6 de agosto, o projeto Comprova vai acompanhar e receber publicações na internet que estejam viralizando para checar sua veracidade. Entre as rádios que integram o grupo estão a Rádio Bandeirantes FM 90.9 AM 620 de São Paulo e a Rádio Gaúcha FM 93.7 AM 600 de Porto Alegre.
A iniciativa tem sua origem no grupo First Draft, da universidade de Harvard, que já organizou uma coalizão semelhante no ano ado, durante a eleição presidencial sa. O Comprova visa diminuir o impacto da propagação de boatos durante o período eleitoral, focando em tópicos específicos como candidaturas, reformas estruturais e debates presidenciais.
O projeto foi lançado nesta quinta-feira (28), em São Paulo (SP), durante o Congresso da Associação Brasileira de jornalismo Invertigativo (Abraji). Claire Wardle, representante do First Draft, destacou que um dos principais desafios da imprensa profissional é não aumentar o alcance de notícias enganosas quando for promover as verdades. “Se uma desinformação está circulando apenas em um grupo de indivíduos no Recife, digamos, então não faz sentido repetir o boato, nem que seja para desmenti-lo, em uma amplitude nacional”, afirmou, já que isso só aumentaria o alcance da informação falsa.
Os jornalistas participantes do Comprova vão usar ferramentas de monitoramento online que conseguem prever o ritmo de crescimento do alcance de um determinado post nas próximas horas, o que possibilita a avaliação da necessidade de checagem. Os boatos checados serão monitorados nas principais redes sociais do país, como Facebook, WhatsApp, Twitter e Instagram.
Claire ainda dá uma dica aos jornalistas: procurar, entre os posts cuja circulação está aumentando, os que mais têm reação de “raiva” no Facebook. “Quando a pessoa reage com aquela carinha brava, isso quer dizer que o conteúdo do post é emocional, irracional”, o que já acende o sinal de alerta, segundo a representante do projeto.
A função educativa desse tipo de iniciativa seria, portanto, levar os cidadãos e usuários das redes sociais a refletir antes de compartilhar, já que esse compartilhamento impensado ajuda a espalhar conteúdos de fontes não verificadas. O Brasil tem um dos maiores volumes de usuários do WhatsApp do mundo (cerca de 76% das pessoas que possuem smartphone estão no app, segundo o MEF).
“A média de pessoas em um grupo do WhatsApp é de seis pessoas. É um grupo pequeno, provavelmente formado por gente em que você confia. Quando a informação partiu de alguém com quem já temos algum laço emocional, a nossa tendência é acreditar que ela é verdadeira”, explicou.
Com informações de Exame e colaboração de Daniel Starck