Segunda-Feira, 26 de Maio de 2025 @ 683839
Precisamos aprender a interpretar os dados que estão disponíveis. Isso é urgente e vital para a nossa indústria
E isso acarreta uma série de perigos: ter uma massa de profissionais, incluindo gestores, com dificuldades para interpretar os dados recebidos, os torna vulneráveis a manipulações de terceiros. Ou seja, se alguém não entende aquele número, outro pode explicá-lo de forma enviesada, seja por interesses econômicos ou por qualquer outra má intenção. Ou também por ignorância, que igualmente pode gerar problemas.
Vamos a exemplos práticos: no rádio, se você não entende o que os números sugerem, pode tomar decisões erradas na programação, no comercial, não identificar oportunidades ou riscos futuros, entre outros pontos. Duvidar dos dados é ainda pior — e, por isso, as pesquisas não podem ter falhas. Pois, ao desconsiderá-las por completo, mesmo que haja razão em alguns pontos para duvidar de algo que elas estejam sugerindo, você também corre o risco de esconder uma série de problemas que podem prejudicar sua própria rádio ou o meio.
O rádio é craque em ser prejudicado por terceiros que desconhecem os números do meio ou, quando os conhecem, ignoram ou não sabem interpretá-los. É comum hoje vermos profissionais que não sabem o que é alcance, audiência, tempo médio, afinidade, entre outras métricas. Não entendem os formatos de rádio, não compreendem o papel que uma publicidade ou campanha em áudio pode desempenhar — especialmente quando se trata de estações de rádio. E aí fica mais difícil explicar estratégias multicanais, de quando se deve usar a rede social, o rádio, o áudio digital, o vídeo, etc. E quem mais perde nisso são as duas pontas do processo: o cliente anunciante e o rádio.
Então, é melhor quando a oferta de dados é menor ou inexistente? Pior. Porque o achismo é ainda mais perigoso. Se alguém aparentemente está acertando no achismo, sem entender de fato o que o levou ao sucesso, todos os outros vão copiar. E em algum momento serão necessários ajustes ou correções de rota. Aí, isso se torna impossível de fazer se você nem sabe o que está certo e o que pode estar errado. Fora que isso detona completamente o nosso ecossistema. Navegar no escuro é muito perigoso.
Mas então, o que fazer? Olha, é difícil. Mas iniciativas que visem treinar as equipes artísticas, comerciais, a gestão das emissoras, entre outros setores, para aprenderem a conviver com dados, interpretá-los e conseguirem aplicar os aprendizados na prática, são fundamentais. Isso blinda a equipe de eventuais riscos ou explicações mal-intencionadas e ainda cria um ecossistema positivo que impulsiona tudo o que está ao redor: anunciantes, agências e até mesmo melhorias nas pesquisas.
Uma maior aproximação com universidades e cursos de formação também é essencial. Criar o interesse de futuros profissionais em nossa área e treiná-los será vital. Sejam eles para atuarem diretamente no rádio ou no nosso ecossistema, que envolve publicidade, marketing de empresas, áreas de tecnologia, entre outros. Quanto mais profissionais capacitados sobre como funciona o nosso meio, melhor. Fácil? Não é, mas precisa ser feito. Portanto, iniciativas até de associações do setor que incentivem essa cultura de treinamento e formação são louváveis.
Está cada vez mais comum o desejo por respostas fáceis para problemas complexos. E isso não pode acontecer. Caso contrário, seremos cada vez mais influenciados por aqueles que entendem os números, mas os distorcem em benefício próprio na hora de explicar. E no digital, isso parece já ter se tornado uma prática comum.